sábado, 25 de abril de 2009

MÚSICA

O que é uma música boa pra você? Este foi o mote de um pequeno debate, ontem à noite, pouco antes da aula de Legislação (aliás, ótima). Pode parecer desnecessário ou um pouco ingênuo, mas a pergunta traz vários questionamentos e reflexões. Afinal, a velha máxima do senso comum nos diz que “gosto não se discute”.

Mas, para mim é possível discutir o assunto, sim. Mesmo que a conclusão seja a de que, como na religião, ele é absolutamente individual. Enquanto para alguns, a boa música depende da técnica apurada, da qualidade dos músicos, para mim a boa música é aquela que entra pelos meus ouvidos, passa pelo filtro e desce redondo. Simples assim.

Pode ser pelo que ela que diz de relevante, ou, simplesmente pela melodia. Para mim, pouco importa se toca ou não no rádio. Hoje existe aquele discurso comum que diz, “gosto de tudo um pouco”. Acho meio difícil. Parece que a mídia formadora de opinião continua ditando regras. Mas, tenho bem claras as minhas preferências. O que, às vezes, pode parecer teimosia.

A discussão pode tomar outros rumos. Acredito que a preferência por um gênero musical tem a ver com a personalidade da pessoa (existem alguns estudos sobre o assunto). Me parece que quem gosta de rock tem uma alma mais inconformada, às vezes perturbada, um quê de revolucionário. Os sambistas são mais bem humorados, conformistas. Parece que tudo está sempre bem para eles. Quem curte música sertaneja é, sem dúvida, mais romântico. E por aí vai.

O fato é que, atualmente, tento ter uma postura mais independente em relação aos produtos da indústria cultural. Tudo bem, não dá pra ser totalmente imune ao bombardeio a que somos expostos todo momento. Mas, procuro deixar meu senso crítico sempre aguçado. O que não me serve ou não me agrada, mesmo que a maioria esteja consumindo, é descartado.

Não importa de que música você gosta ou toca. Se você é músico ou não. Se o que você quer é se emocionar, soltar seus demônios interiores, protestar, ou, simplesmente se divertir. O importante é que sua relação com ela seja sincera e verdadeira. Ela faz parte da humanidade desde os tempos imemoriais. É o tempero da minha vida. E não consigo imaginá-la sem esse ingrediente fundamental chamado música.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Uma contadora de histórias - A vida que alguém viu

Acabei de ler A Vida que Ninguém Vê, de Eliane Brum. Confesso que me sentia um pouco constrangido por ouvir falar tanto e ainda não ter lido nada dela. E a espera valeu a pena. Eliane é maravilhosa.

Estou com aquelas histórias gravadas em minha mente. O livro é uma coleção de reportagens, que mais parecem crônicas cotidianas. Tudo escrito com uma sensibilidade ao mesmo tempo lúcida, engajada, poética. Algo fora do comum na imprensa tupiniquim. Seu texto é único e instigante.

Em meio a tanta imparcialidade, matérias engessadas, sem personalidade, o que Eliane Brum faz nos remete aos tempos em que o jornalismo brasileiro era mais provocativo. Não deixa de ser um paradoxo: à medida que fomos conquistando mais liberdade, as reportagens foram ficando mais presas.

Ricardo Kotscho, em seu prefácio, afirma que ela trouxe de volta um texto que andava perdido em meio a tantos manuais de padronização. Concordo. É um jeito mais pessoal e artesanal de escrever, sem as amarras da modernidade. Algo que vem mudando não só com Eliane Brum, mas com as revistas Brasileiros e Caros Amigos.

É uma das coisas que mais admiro em nossa profissão: contar histórias de pessoas anônimas, que só apareceriam nas páginas e programas policiais. Mostrar sua realidade, sem sensacionalismo, sem dramas, sem ingenuidade, apontando caminhos para mudanças de curso. Eliane é um dos modelos em que pretendo me espelhar. A partir dela, pretendo encontrar um rumo mais humanista para o meu texto jornalístico. Um desafio árduo, mas prazeroso.

domingo, 5 de abril de 2009

Indagações








Com que roupa eu estarei
No dia de partir?
O que estarei pensando
Quando ela me fugir?

Será que o dia vira noite
De repente, sem aviso?
Será que a escuridão persiste
Para sempre, sem improviso?

Com que espírito chegarei
Em minha nova cidade?
Será que ainda vou sentir
Algum tipo de vontade?

Será que meus sonhos
Sobreviverão depois de tudo?
Terei de pagar a quota
Por todos os meus absurdos?

Quantos erros ainda vou cometer
Pra que a vida não passe em vão?
E quantos acertos serão precisos
Pra encontrar o caminho então?

Tem ideia do que vai acontecer
Com o antes, o depois e o agora?
Já sentiu, em um breve instante,
Sua vida mudando, naquela hora?

Se eu pudesse te ouvir
Continuaria a pensar em mim?
Se eu pudesse te ver
Me deixaria seguir até o fim?