sábado, 25 de julho de 2009

O "X" da questão

Desde o início do ano vivemos sob a regência de uma nova ortografia. O pretexto para este brilhante ato foi a unificação da escrita nos países de língua portuguesa. Porém, passado o impacto inicial, achei as mudanças desnecessárias. Alguns acentos e hífens caíram, outros foram criados. E daí?

Podiam ter mexido em coisas mais importantes. Uma que sempre me incomodou foi o verdadeiro som do “X”. Afinal, qual é a dessa letra? Dei uma pesquisada no inglês e no espanhol e nestes idiomas o “X” tem uma função bem definida. No português não.

Uma hora é “ch”, em outra é “z”. Às vezes, torna-se “cs” ou, simplesmente, um “s” e até "c". Ô letrinha volúvel! Isso sempre me causou muita confusão quando criança. Imagino que hoje ainda seja um grande problema para os pequenos. O “X” sempre foi uma incógnita (na matemática, literalmente) pra mim.

Então, porque não definir apenas uma fonética para ela? Exemplo: se a partir de hoje o “X” passasse a ter somente som de “ch” e, em alguns casos, “cs”, exame passaria a ser “ezame”. Excesso, “ecesso”. Estranho não?

Parece desnecessário, meio bisonho até. Afinal, não é algo que vá acabar de uma hora pra outra com os problemas do país. Mas, poderia facilitar um pouco a vida de quem vai começar a ler e escrever a partir de agora. Ou é somente mais um dos meus delírios.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Entressafra

Segunda-feira, dia 13 de julho, foi o Dia Mundial do Rock. Vez ou outra surge aquele coro anunciando sua morte. Mesmo fora da grande mídia, ele segue firme e forte.

Acho até melhor esse ostracismo involuntário. Pelo menos ficamos sabendo quem gosta de verdade. Porém, um fato me preocupa: a falta de ídolos para as novas gerações. Dei uma passada na Galeria hoje e o que predomina nas camisetas são bandas de mais de 15 anos.

Nesta década, não surgiu nada tão bom que pudesse fazer frente aos grandes nomes do passado. E, sem renovação, os mais jovens estão condenados a ouvir uma música cada vez mais velha.

Não que eu tenha alguma coisa contra. Muitíssimo pelo contrário. Quem me conhece sabe disso. Talvez faltem veículos de divulgação – adoro a Kiss FM, mas ela toca pouca coisa recente. Ou, talvez seja um período de entressafra mesmo.

Sei lá. Enquanto isso vou vasculhando meu baú (e a internet, por que não?) pra ver se descubro novos sons antigos. E velhas coisas atuais.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Vida longa ao Rei

Quem vê Roberto Carlos hoje, cantando canções religiosas, lacrimosas e de gosto duvidoso, quase duvida que um dia ele fora tão ousado e criativo. Porém, por tudo o que fez, especialmente em seus primeiros 15 anos de carreira, ele merece as homenagens que lhe estão sendo prestadas na comemoração de seus 50 anos de música.

Tudo começou com um simples compacto sem muita repercussão, no longínquo 1959. Seu primeiro álbum completo só foi gravado em 1962, repleto de versões e algumas canções próprias, já com o eterno parceiro Erasmo. Veio o sucesso com a Jovem Guarda, mas não o prestígio. Eram chamados de “alienados” pelos intelectuais da época, amantes da Bossa Nova. Onde, então, Roberto Carlos assumiu o trono e a coroa de rei?

Quando comecei a tomar ciência das coisas, nos anos 70, Roberto já era soberano no rádio e na TV, com programas especialmente dedicados à ele e tudo mais. Sua transformação de ídolo pop juvenil para um lugar cativo no olimpo da MPB ocorreu no fim da década anterior. Com a decadência da Jovem Guarda, o Rei começou a ampliar seus horizontes musicais, misturando seu som com fartas doses de Black Music (Soul e Funk). A vitória no Festival de San Remo, em 1968, serviu também para solidificar este seu lado intimista.

A partir daí, começa a grande fase de sua carreira. Lança até 1972 seus melhores discos, ao mesmo tempo em que vê sua popularidade chegar à estratosfera. As letras ficam mais elaboradas e ele ganha moral entre os nomes conceituados da música do país. Nos shows, cada vez mais bem produzidos, Roberto se agiganta. Seu reinado estava consolidado. Mesmo que, na sequência, tenha dado uma guinada para uma música mais comercial e voltada ao público latino.

Hoje, Roberto Carlos vive do prestígio que conquistou nesta época. É difícil alguém não conhecer ao menos uma dúzia de canções do Rei e gostar de pelo menos uma delas. Sua música alcança a todos; dos mais velhos aos mais jovens, dos mais pobres aos mais ricos. Já foi gravada por artistas de MPB, Rock, Sertanejo, Samba, Axé. É um patrimônio da cultura nacional.

E digo tudo isso sem ser um fã incondicional. Imaginem se eu fosse. Vida longa ao Rei.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sociedade do Espetáculo?

Pensei que já tivesse visto de tudo. Das mais variadas e insanas manifestações de amor a um ídolo. Showmícios, shows para celebrar o nascimento de algo ou alguém, shows para comemorar títulos e vitórias. Até shows para festejar o fim de uma carreira. Mas, nunca um show-funeral.

Nunca vi pessoas com um sorriso na boca e um ingresso na mão - a distribuição e venda, por si só, já é um absurdo - para assistir ao funeral de quem quer que seja. Pessoas felizes em um momento de pesar e dor, como se estivessem indo assistir a um espetáculo.

Por mais genial que fosse, por mais importante que tenha sido para a música pop mundial, Michael Jackson, depois de uma vida tão atribulada e cheia de traumas, merecia um pouco de paz em seu enterro. Todas as homenagens que vierem depois serão bem vindas.

Parece que chegamos ao cúmulo da “Sociedade do Espetáculo”, a mesma que fez do Rei do Pop um ícone e uma vítima. Afinal, que tempos são estes?