domingo, 26 de junho de 2011

COLUMBO, O TRIUNFO DA INTELIGÊNCIA

Existem atores que, de tão identificados com um determinado personagem, parecem não ter mais vida própria. Os nomes do criador e da criatura se misturam como que por osmose. Quando o locutor anunciou na TV “morre, aos 83 anos, o ator americano Peter Falk...” eu emendei, na hora, antes mesmo dele completar a frase; “... o Columbo!”.


Você que tem mais de quarenta anos sabe do que estou falando. Se for mais jovem, talvez nunca tenha ouvido falar. Após àqueles seriados cômicos dos anos 1960 – Jeannie é Um Gênio, Agente 86, A Feiticeira –, os americanos, na década seguinte, passaram a investir no gênero policial de um jeito diferente do cinema. A tônica eram os detetives fora dos padrões conhecidos: o gordo Cannon; Kojak, o careca que chupava pirulito; Barnaby Jones, o idoso.


Columbo fazia parte desta leva de tiras. Era baixinho, caolho, usava sempre um casaco surrado, fumava charuto, nunca dava um tiro sequer. O seriado também fugia dos clichês. Logo de cara, o expectador era apresentado ao assassino e aos detalhes de como cometera o crime. Só então surgia Columbo. O grande barato era vê-lo em ação tentando destruir os álibis quase perfeitos. Ele parecia muito confuso em suas investigações, mas era só aparência. Seu método dava aos culpados a impressão de que era um idiota. E a partir daí cometiam seus deslizes.


Nem preciso dizer que o seriado era o máximo. Impossível não ter simpatia por um detetive simplório, muitas vezes mal tratado pelos vilões, que, com sua perspicácia, resolvia todos os casos. Columbo/Peter Falk faz parte do imaginário da minha infância e adolescência. Ele personificava o triunfo da inteligência, do raciocínio, sobre o físico, a violência. Algo quase impensável nos dias de hoje.