sexta-feira, 21 de novembro de 2008

45 minutos

Chegamos ao fim de mais um ano letivo. Anteontem, foi o final dos primeiros 45 minutos de nosso jogo, a metade da nossa jornada. Espero que as palavras “sub” e “dp” não sejam pronunciadas por ninguém até o fim do ano.
Apesar de tudo - professores sem conteúdo, sem comprometimento, sem humildade, matérias que não acrescentaram nada e outras das quais esperava mais - foi um ano produtivo.
Foi o ano em criei meu blog - que ainda não sei mexer direito - para aprimorar esta grande paixão que é escrever. Foi, também, o ano em que nossa sala ficou maior. O que parecia ser ruim, revelou-se o contrário. Ganhei novos amigos, que, juntamente com os antigos, estarão comigo pelos próximos dois anos e por toda a vida.
Mesmo com todos os problemas do curso, foi neste ano que tive o gosto de me sentir jornalista, mesmo que por poucos momentos. E gostei muito disso. Essa coisa de mergulhar em um universo, aprender o máximo sobre ele, conhecer pessoas (e não simplesmente fontes), e transformar tudo em palavras, ao mesmo tempo simples, mas que consigam captar sua essência, me fascina. Sem contar o trabalho como freela.
Tudo o que aprendi sobre os atletas de handebol cubanos exilados em São Caetano, o uso das bicicletas como meio de transporte, as propriedades terapêuticas da musicoterapia, a elitização da cultura em São Paulo, cinemas antigos da cidade e competições de moutain bike enriqueceram em muito a minha vida.
Enfim, espero que o 3º ano seja melhor. Sem dúvida, teremos mais trabalhos e mais desafios nas disciplinas práticas. E é isso que eu quero. Mas, o ano que acabou foi só o letivo. Ainda temos algumas cervejas pra tomar, assuntos pra debater. Só não vale sumir e aparecer apenas em fevereiro.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Questão de bom senso

O assunto é polêmico e sempre causa controvérsias. Agora, veio à tona, com a divulgação do requerimento que está sendo preparado pelos clubes campeões nacionais entre 1959 e 1970, solicitando à CBF que seus títulos sejam reconhecidos como campeonatos brasileiros. O grupo, capitaneado pelo Santos Futebol Clube, já obteve a chancela da Fifa (em seu site, o Peixe aparece com oito títulos brasileiros).
Como em tudo no futebol, este tema é discutido (quase sempre) sob o calor da emoção. Os torcedores dos times envolvidos – além do Santos, Palmeiras, Cruzeiro, Botafogo, Fluminense e Bahia – aprovam totalmente a idéia. Enquanto os outros, simplesmente a ignoram. Tentarei ser racional então.
Devido às proporções continentais do país, sempre foi difícil organizar um torneio realmente nacional. Houve tentativas, mas, não vingaram. Torneios interestaduais foram realizados (O Rio-São Paulo foi o mais conhecido), mas, obviamente, nenhum deles era representativo. Este regionalismo ainda persistiu até meados de 1950, quando a CBD se viu obrigada pela Conmebol a ter um clube campeão que representasse o Brasil na recém criada Taça Libertadores da América, nos moldes da Copa dos Campeões da Europa (que começou em 1956).
Surge, então, a Taça Brasil, em 1959, com 16 clubes de 16 estados diferentes, que reuniu os campeões estaduais do ano, em jogos eliminatórios de ida e volta (o famoso mata-mata). Teve dez edições e durou até 1968. Antes da sua extinção, foi criado o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, em 1967. Era um Rio-São Paulo acrescido de clubes de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Em 1970, passou a se chamar Taça de Prata. Foram estes torneios que abriram caminho para o bi-campeonato da Libertadores pelo Santos e o os dois vice-campeonatos do Palmeiras.
Em 1971, foi criado o Campeonato Brasileiro como conhecemos, repleto de interesses políticos e fórmulas mirabolantes. O número de participantes foi crescendo a cada ano, chegando aos absurdos 94 clubes na edição de 1979. A verdade é que a CBF sempre ignorou o reconhecimento dos títulos da Taça Brasil e do Robertão. Na minha opinião, foram torneios absolutamente representativos. Tinham nomes, fórmulas de disputa e número de participantes diferentes, como os demais campeonatos que vieram depois.
Se uma luz de serenidade e bom senso cair sobre os dirigentes da CBF e este requerimento for aceito, haverão alguns protestos, principalmente de São Paulo e Flamengo, que verão sua supremacia (pós 1971) chegar ao fim, oficialmente. Com cinco títulos cada, estão atrás de Santos e Palmeiras, com oito troféus. Palmeiras e Santos, de duelos memoráveis na década de 1960 – o Verdão era o único que encarava, de igual para igual, o fantástico time de Pelé -, que escreveram um novo capítulo de suas brilhantes histórias neste domingo. Um duelo entre os maiores campeões brasileiros.