domingo, 29 de março de 2009

Onde você estava?


Onde você estava no dia em que Airton Senna morreu? O que estava fazendo naquele fatídico 1º de maio 1994? Semana passada, no bar, eu e a Tati falamos sobre isso. Parece que todo mundo lembra com clareza daquele dia triste.

Sempre fui apaixonado por corridas. Acompanho a Fórmula 1 desde criança, nos tempos de Emerson, Niki Lauda, Jack Stewart, entre outras feras. Mas, isso é um assunto para o meu novo blog, onde falarei somente de esportes, com muito destaque para a principal categoria do automobilismo.

Voltando ao assunto, os dias que antecederam a morte de Senna foram premonitórios. Havia algo de estranho na atmosfera de Ímola naquele fim de semana. Rubinho quase morreu em um gravíssimo acidente. Roland Ratzenberger, um novato na época, não teve a mesma sorte. Morreu um dia antes, em 30 de abril, durante os treinos.

Bom, então vamos a resposta para pergunta inicial. Naquela manhã, havia me esquecido de por o relógio para despertar às nove horas, como faço - até hoje - todos os sábados e domingos em que há corridas. Lá pelas 9 horas e 10 minutos, acordei assustado e corri para ligar a TV, chateado porque tinha perdido a largada. A primeira coisa que vi quando surgiu a imagem foi a repetição do acidente, o carro batendo violentamente contra o muro, a cabeça do nosso heroi pendendo para o lado, como se a vida já tivesse deixado seu corpo. A voz de Galvão Bueno já denunciava que era algo muito mais grave do imaginávamos.

Seguiu-se o atendimento ali na pista, e em seguida o Roberto Cabrini, com a voz embargada, comunica o pior. Fui para banheiro e chorei bastante. Naquele ano, foi a última corrida que assisti. Mas, a paixão pela Fórmula 1 foi mais forte e, no ano seguinte, voltei a ver as corridas de novo.

Senna encarnou como poucos o mito do heroi. Um heroi brasileiro, extremamente determinado, confiante do seu potencial, sempre andando no limite. A antítese do complexo de vira-latas, que tanto atrapalha nosso desempenho em quase tudo. Tivemos outros campeões antes dele. Porém, Emerson e Piquet não tinham um décimo do carisma de Airton. Com sua morte, morreu um pouco o orgulho de ser brasileiro.

E você? Onde estava no dia da morte de Senna?

sábado, 21 de março de 2009

Humanidade, Inquisão e hipocrisia


Pois é, vez ou outra, a Humanidade dá a impressão de que avança quando vemos algumas doenças sendo vencidas ou quando assistimos TV, conversamos e acessamos a internet atravessando uma rua. Porém, a cada Renascimento o homem produz novas Inquisições. As fogueiras já não existem mais. No lugar delas, pessoas são condenadas a excomunhão para perpetuar dogmas obsoletos e incompatíveis com a vida real.

Enquanto o mundo sofre com a proliferação da Aids, posicionam-se contra o uso dos preservativos; enquanto boa parte do mundo discute formas de melhorar a convivência entre as pessoas, eles têm, no cerne de sua cúpula, idiotas que negam a existência do Holocausto; enquanto surgem movimentos humanistas que pregam a tolerância entre os povos, colocam-se contra a união entre pessoas do mesmo sexo; enquanto a Terra bate a casa dos seis bilhões de almas (boa parte delas passando fome), eles são contra a pílula anticoncepcional.

O papel das igrejas deveria ser o de se posicionar em favor dos mais humildes, dos que sofrem abusos, dos oprimidos, não de condenar, pura e simplesmente. Nem de enriquecer as custas de seu sofrimento. A atitude daquele Bispo (nem vale a pena citar seu nome), além de um contra-senso, dá uma clara dimensão do tamanho da hipocrisia na nossa sociedade.

Neste nosso mundo hipócrita, vive-se das aparências, do que parece ser, não do que se é de verdade. Somos condicionados a criar máscaras, a nos ajustar ao senso comum, ao normal. É difícil viver uma vida mais livre e verdadeira, fugir destas armadilhas. Muitas vezes, paramos naqueles velhos dogmas obsoletos, porque estão enraizados na gente.

Tudo muito bonito no papel. Na prática, é diferente. No fundo, o ser humano ainda carrega muito dos seus velhos ancestrais (os homens da caverna, não Adão e Eva). A civilização apenas domesticou aqueles instintos mais selvagens. Mas, às vezes, eles vêem à tona da pior forma possível. Como no caso de Pernambuco, entre outros. Porém, podemos e devemos ser melhores. Se Deus também quiser.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Juliana

Quem aí já viu um dia,
O exato momento em que
A lagarta se transforma em borboleta?

E você? Algum dia presenciou
Aquele instante singelo em que
A flor revela sua mais bela faceta?

É tão bonito ver a natureza
No exercício de sua eterna sabedoria
Convocando todos os hormônios
A se unirem em prol da poesia.

Assim, me vejo envolvido em sentimentos profundos
Que ontem mesmo vi nascer
Ignoro, às vezes, minha opaca existência
Focando toda a luz em um único ser

Alguém aí já sentiu a sensação
De ser um tolo ao imaginar a visão
De outros mais tolos com olhar de cobiça?

Já sentiu forte o desejo de proteger,
Maior até do que o instinto de sobreviver,
Que passa por cima da raiva, do orgulho, da preguiça?

O mais belo retrato que já foi exposto
Foi pintado por um jovem poeta aprendiz
De sentimentos puros e sonhos corriqueiros
Nem imaginava o quanto podia ser feliz.

A felicidade é dar grandes momentos a quem amamos
Sem deixar que a alegria se torne profana
Não sou e nem quero ser Da Vinci
Sua Mona Lisa é pequena perto de você, Juliana.

À Juliana, minha maior criação.

terça-feira, 10 de março de 2009

Fenômeno


Todos sabem que meu coração é verde e branco. Sou também apaixonado por futebol há mais de 30 anos. Por isso, não posso ficar imune ao significado da volta de Ronaldo aos gramados. Mesmo depois daquele gol aos 47 do segundo tempo, quando já comemorava a vitória iminente (e as quatro cervejas que havia apostado). Hoje, de cabeça fria, posso analisar com mais clareza o que significa o retorno do Fenômeno.

Não dá pra negar: Ronaldo é um mito, uma lenda viva. Após 16 anos de carreira, sua qualidade já foi questionada inúmeras vezes. Outras tantas foi considerado morto para o futebol. Mas Ronaldo, maior artilheiro da história das copas, ídolo de Real Madrid e Barcelona, Inter e Milan, quatro copas do mundo (jogou três e ganhou duas), é feito de aço inoxidável, não enverga e não enferruja nunca.

Suas besteiras na vida pessoal, suas noitadas, nunca ofuscaram seu brilho nos gramados. As contusões gravíssimas nos joelhos não conseguiram pará-lo. Nem a mal explicada pane que teve na final da Copa da França conseguiu derrubá-lo. Os duros zagueiros holandeses, espanhóis, italianos, argentinos, uruguaios, nunca lhe botaram medo.

Ronaldo é fruto da nossa inesgotável fábrica de craques. É forjado pela essência do que temos de melhor no futebol. Ronaldo não é Cruzeiro, nem Corinthians, nem Flamengo. Ronaldo é Brasil, patrimônio do futebol mundial.

Por isso, aquele gol no final do clássico, que me deixou tão triste, agora me traz um sentimento contraditório. Apesar de ter sido contra o meu glorioso Palmeiras, acho que Ronaldo merecia aquele momento, por tudo o que passou em sua carreira. Por muito menos, já vi jogadores abandonaram o futebol.

Agora, dizer que Ronaldo foi o melhor jogador brasileiro depois de Pelé, me parece um exagero. Afinal, tivemos Garrincha, Zico, Romário, Rivelino, Ademir da Guia, entre tantos outros (desculpem as ausências, são muitos nomes!). Mas, sem dúvida, o Fenômeno já figura na academia dos imortais da bola.

sábado, 7 de março de 2009

FALSO DOMÍNIO


Ser, ao mesmo tempo, Madre Tereza e Margareth Tatcher, não é tarefa difícil pra vocês. Passionais, passivas, inteligentes, sem-vergonhas, puritanas, dissimuladas, quase sempre à beira de um ataque de nervos. Quem de nós, o chamado sexo forte, poderia ser tão completo assim?

Celebridades ou anônimas, mães, filhas, pais, maridos, esposas. Quantos homens são capazes de exercer uma dupla jornada, de suportar privações, abusos e, ainda, derramar cegamente seu amor por onde passa?

Há muito tempo desisti de tentar entendê-las. Não por acaso, vocês estão, hoje, no centro do meu universo. Esposa, filha, mãe. É o tripé que me ajudar a seguir em frente e a me manter em pé, de cabeça erguida.

Suas curvas me embriagam. Sua capacidade de mutação diária me intriga. Seus mistérios, tão longe de qualquer compreensão, me fascinam. Sua obstinação, às vezes cansa.

E se o mundo fosse governado por vocês? Como seria? Com sua força e determinação, teríamos menos força bruta e mais diálogo. Muito mais diálogo. Nosso suposto domínio machista me parece falso. Vocês é que mandam. E já estão começando a perceber isso.

Se analisarmos friamente, este 8 de março é mais um dia comemorativo criado pra vender bugigangas e aquecer o comércio. Mas, a frieza dos fatos é inimiga da poesia. E, já que o dia existe, não custa repetir: PARABÉNS e obrigado por existirem!