Nem se conheciam direito, trocaram poucas palavras. Mesmo assim, beijaram-se uma vez. Um beijo roubado, meio desengonçado, nada a ver com aqueles hollywoodianos, cheios de glamour. Mal havia uma história entre eles. Mas, aquela forte atração, aquele desejo de se verem mais, de se abraçarem, insistia em continuar.
Na verdade, ela não tinha como encaixá-lo em sua vida. Ele achava que sim. Esse desencontro provocava situações diferentes das que já tinham vivido. Falavam-se somente uma vez no dia. Não podiam se procurar, telefonar. Mesmo com tão pouco, ele não conseguia tirá-la da cabeça. Mesmo não havendo espaço para ele em sua vida, ela o queria. Nem seus horários combinavam. Ele tinha dois empregos e ainda estudava pela manhã. Ela estudava de noite e trabalhava durante o dia. Pareciam condenados por um feitiço a nunca poderem se encontrar.
Porém, apesar de todos os obstáculos, eles se encontraram da maneira mais inusitada que se possa imaginar. Um dia, seus pensamentos materializaram-se como naquelas fantasias cinematográficas que passam à tarde na TV. Antes que pudessem pensar noutra coisa, seus braços já se entrelaçavam com toda a volúpia. E se amaram como dois animais no cio. E continuaram a se ver, cada vez com mais força e intensidade, mesmo com suas consciências e o mundo dizendo não.
Eles seguiram em frente, correndo como loucos, sem saber aonde tudo isso chegaria. Sabem somente que uma paixão assim não pode ser vivida de outra forma. E, assim será, enquanto existir poesia.
Um dia daqueles
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Enquanto eu não despir a alma, das cascas do medo, da inquietação, da dúvida
Enquanto eu não me permitir ser eu mesma, não há autosabotagem que acabe.
O peso...
Há 9 anos