sábado, 21 de fevereiro de 2009

Bálsamo





Cada dia me convenço mais
Do que muitos se esquecem:
De que não é só o rompimento
com a Pré-História
Que transformará
O futuro no Jardim do Éden.
Nem mesmo o prenúncio
De uma fugaz vitória
Pode ocultar as fendas
Que na superfície aparecem.

Sinto o peso do que
Cada recomeço traz na mão:
Estilhaços espalhados
Do que não se pôde ter.
São carcinomas que
Se alimentam de auto compaixão
E que velhos vícios
Insistem em manter
Próximo as artérias
Que conduzem à razão.

A cada dia que passa
Enxergo com mais clareza
Que a nova retórica,
Aliada a velhas virtudes conhecidas
São formas de diminuir a dor
E aumentar a certeza
De que este é o bálsamo
Que vai cicatrizar as feridas
E libertar as vaidades
Que encontravam-se presas.

Todo dia sinto mais forte
Do que a minha própria essência,
De que nada pode deter
O rumo das correntes marítimas
Mesmo que, em algum momento,
Perca a consciência
E decida enveredar novamente
Pelas paisagens mais íntimas
Sem pensar no que ficou
Além das inconseqüências.

3 comentários:

Alexandre Ofélio disse...

Caracas!!!! Que texto é este? arrasou.......sem palavras. A sua intelectualidade dispensa qualquer comentários.

Montanha

Tatiane Carvalho disse...

Nossa João, muito lindo!!!
Amei.
Parabéns!
Tati Carvalho

Carina Barros disse...

João,

Esse texto é muito inspirador!!!

Beijos
Carina