Primeiro texto de 2009. Um ano que já começou em guerra. Em todos os noticiários, o assunto é a brutal invasão de Israel à Faixa de Gaza. Não se justifica o uso de tamanha força a um inimigo com um poder bélico tão desproporcionalmente inferior. Não quero discutir quem são os verdadeiros donos daquele duro e árido pedaço de terra. Se Deus ou Alá. Muito menos quem atirou primeiro.
O atual presidente americano já manifestou seu apoio total e irrestrito ao exército israelense, como já se esperava. Já sabíamos, também, que a desacreditada ONU, em um gesto tucano, ficaria em cima do muro.
Até agora, Obama pouco falou. Está cauteloso. O que fará ele com este primeiro abacaxi internacional que terá de descascar? Será tudo aquilo que se espera dele? Ou, ele é apenas a outra face da mesma e desgastada moeda? Seria Barack Obama apenas um produto de marketing criado para limpar a barra yankee, completamente suja após oito anos de trapalhadas cometidas por Bush Jr?
Talvez não. Ele parece consciente do peso que carrega. O peso de milhões de acorrentados em navios fétidos vindos do continente negro. O peso do lamento blues nas plantações de algodão do sul dos EUA. O peso dos excluídos do sonho americano. Ele sabe que nunca alguém de sua cor chegou tão alto.
O que se espera dele é que acabe com esta guerra estúpida, que cancele o embargo econômico à Cuba, que corte os gastos do orçamento bélico americano, que comprometa-se em acabar com o genocídio de fome e AIDS na África de seus ancestrais, que assine o protocolo de Kyoto. Ele sabe que se fizer tudo isso pode provocar a ira dos ultraconservadores e acabar com uma bala na cabeça.
Talvez Obama não tenha a coragem e competência necessárias para promover tais mudanças. Ele não é o salvador da humanidade, como tentam mostrá-lo. Não se pode cair nesta armadilha. Mas, aparentemente, é mais inteligente, maleável e tolerante que seu antecessor – o que não é muito difícil. Pode ser o início de uma era com menos armas e mais diálogo. O que já seria um grande avanço.
Um dia daqueles
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Enquanto eu não despir a alma, das cascas do medo, da inquietação, da dúvida
Enquanto eu não me permitir ser eu mesma, não há autosabotagem que acabe.
O peso...
Há 9 anos
4 comentários:
estou esperando seus textos ... vamos colocar no instinto coletivo s.a. também! precisamos fazer com que ele vire um centro de debates!
abraço
thiago
Calma, vamos esperar e confiar nele. O mandato está apenas começando.
b-joaks
Parabéns pelo texto, genial. O jeito é esperar para comprovar, Palavras pensadas, retórica belíssima, argumentos fortes, diretas e uma votação surpreendente: Obama
Vamos esperar.
João, muito bom mesmo este texto, parabéns!!!
Montanha
Acredito sim em boas mudanças, e apesar do "Salvador" que pintam, ele vai enfrentar muitas turbulências... obrigada pela visita..bjs
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