Após a derrota para a seleção Argentina, nas semifinais do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de Pequim, me fiz a seguinte pergunta: porque os jogadores argentinos amadurecem mais rapidamente que os brasileiros? Será que as categorias de base dos times de lá são mais eficientes que as nossas?
Vejamos os fatos: Sérgio Agüero estreou no time principal do Independiente aos 15 anos. Hoje, com 19, é uma das principais promessas do futebol mundial, eleito o melhor jogador do último mundial sub-20 e principal jogador do Atlético de Madrid; Lionel Messi, aos 20 anos, é um dos maiores craques atuais, titular absoluto do Barcelona e da seleção de seu país, só para citar os mais conhecidos.
Robinho explodiu para o futebol em 2002, e mesmo hoje, aos 23, ainda não alcançou um estágio que o credita a ser um dos grandes jogadores da atualidade. Lulinha, atacante corintiano, 18, há pouco tempo era tido como maior promessa do clube, com o valor de sua multa contratual estipulada em U$ 50 milhões. Hoje, após vários jogos pelo time principal, é vaiado pela torcida, marcou poucos gols e sua qualidade é questionada.
Alexandre Pato, 18, é tratado como o novo messias do futebol brasileiro. É um jogador predestinado a marcar gols importantes, mas, até agora, não mostrou nada de excepcional. No mesmo mundial sub-20 onde Agüero brilhou, Pato foi uma decepção atuando ao lado de jogadores da sua idade.
Este é um problema estrutural do nosso futebol. Existem falhas nas categorias de base dos clubes brasileiros. Nossos futuros craques chegam aos times principais sem saber os principais fundamentos do futebol. Sabem driblar, claro, pois é o nosso diferencial, o que nos tornou cinco vezes campeões mundiais.
Mas, no futebol atual, o drible tem de ser mais econômico e objetivo. Fundamentos essenciais como passes e chutes ao gol, não são trabalhados como deveriam. Esqueceram as lições que Pelé nos deixou: simplicidade nos dribles, objetividade total e competência em todos os fundamentos. Não estou querendo que sejam novos pelés, afinal, o rei fazia tudo isso próximo da perfeição. Mas, é “o” modelo a ser copiado.
Vários de nossos jogadores só aprendem a jogar com mais objetividade depois que vão para a Europa. Não deveria ser assim. Imagine se fossem para o velho continente melhor preparados. Chegariam aos seus clubes com maiores chances de mostrar a essência do futebol brasileiro.
Kaká é o exemplo clássico. Foi somente após sua chegada ao Milan que ele deslanchou e tornou-se o melhor jogador do mundo. Com justiça, diga-se de passagem. Ninguém em sua época de São Paulo poderia imaginar que chegaria tão longe. Ou seja, falta visão às pessoas ligadas ao futebol de base e também aos técnicos dos times principais.
Não tenho comigo a solução mágica para que estes problemas se resolvam da noite para o dia, nem a pretensão de ser o dono da verdade. Mas, é assim que eu vejo a realidade futebolística por aqui. A questão agora é saber se as pessoas responsáveis por estes garotos enxergam tudo isso. Se não, tudo ficará como está e, daqui a alguns anos, nossos vizinhos (bons de bola também) alcançarão o topo do futebol com mais qualidade e quantidade do que nós.
Um dia daqueles
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Enquanto eu não despir a alma, das cascas do medo, da inquietação, da dúvida
Enquanto eu não me permitir ser eu mesma, não há autosabotagem que acabe.
O peso...
Há 9 anos
Um comentário:
João, acredito que o problema está na falta de estrutura familiar dos nossos jovens atletas.
A diferença é que nuestros hermanos suam sangue do primeiro ao último dia como profissional.
Os nossos suam até conseguirem o primeiro tostão... depois, só mídia...
Abs,
Marcão.
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