sábado, 16 de agosto de 2008

Democracia

Muitos lutaram e morreram por ela. Também muitos crimes foram cometidos em seu nome. É o governo do povo, pelo povo, para o povo. Assim me ensinaram na escola, lá pelos anos setenta. Ironicamente, naquela época, a ditadura estava firme e forte. Quando penso em democracia, duas palavras me vêm à mente; representatividade e participação. Na teoria, é o regime em que o povo é plenamente representado. Pode ser que seja assim em alguns países. Porém, não vejo isso por aqui. Vivemos uma democracia de papel. Não participamos inteiramente dela e nela não somos representados igualmente. Não vivemos uma democracia racial. Muito menos social. O voto - que é um direito - ainda é obrigatório. O alistamento militar também. Sem contar que boa parte dos nossos meios de comunicação são tendenciosos, representam outros interesses.

Em época de eleições, o sentimento democrático vem à tona, aparece em toda parte e nos dá a sensação de que somos realmente participativos. Afinal, quando votamos estamos vivenciando o momento máximo de qualquer democracia. O problema é que despertamos politicamente apenas de dois em dois anos, como se nossa participação se resumisse somente nisso. O resultado está aí; governos corruptos e direitos básicos desrespeitados. Ignoramos que fazemos política o tempo todo: em família, na faculdade, no trabalho. Então, se participamos ativamente nestes núcleos, porque não para reivindicar algo para o nosso bairro, cidade?

Até a década de sessenta, os estudantes e a sociedade em geral participavam muito mais das decisões políticas (grandes e pequenas) do país do que hoje. Depois de tantos anos sem liberdade de expressão, as gerações seguintes tornaram-se – com a ajuda da mídia – mais alienadas e individualistas. O pensamento dominante é que devemos nos comportar como cordeiros. Nada de passeatas e panelaços. É coisa de baderneiros. Tudo bem, os tempos são outros. Menos românticos e idealistas. Afinal, os empregos tornaram-se mais escassos e o medo de perdê-los, cada vez maior. Mas, não é por isso que vamos nos comportar como se não houvesse mais nada além do nosso próprio umbigo. Não sinto em nós, paulistanos, uma “paulistaneidade”. Ou seja, falta um sentimento de amor pela cidade, de respeito aos seus espaços públicos e a noção exata de ela é de todos, não só de um pequeno grupo ou elite.

Agora, temos uma nova chance de elegermos um administrador para nossa imensa cidade, com seus problemas e desigualdades em igual proporção. E também, novos representantes na Câmara Municipal (virou piada, mas é isso que eles são). Devemos participar, exercer nosso direito e eleger quem achamos que será o melhor para estes cargos. Porém, nossa participação não acaba aí. De várias formas podemos cobrar o que nos é de direito. Uma delas é esta: escrevendo o que pensamos, falando com as pessoas, tentando trazer a discussão política para o nosso meio. E, enquanto não vamos para as ruas, o blog é uma das ferramentas mais democráticas que temos.

3 comentários:

Carina Barros disse...

Olá, João!

Concordo com você! Devemos refletir muito sobre nossas escolhas, não só em ano de eleição.

Beijos

Juliana Petroni disse...

Olá João! Bela iniciativa, poucos falam sobre política e muito menos em objetivos pessoais fundados em mudanças. Todos estão acomodados, os jovens não são mais como antes, seus anseios e desejos mudarão, com certeza tornaram-se mais individualistas. Continuo dizendo que nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo!
Bjosss

Marcos Forte disse...

Começou bem, hein?

É isso aí, já que vivemos em uma suposta democracia, a palavra "obrigação" deveria ser abolida. Mas...

Abs,

Marcão