Dona Benedicta - com “c” mesmo - faz 80 anos neste sábado, dia 6. Com muita disposição, discernimento e vontade de viver. Ao vasculhar seu baú de fotografias antigas (a mais velha data de 1935!) comecei a pensar em sua trajetória até chegar aqui. Coisas que já sei e outras que não foram reveladas. Velhas relíquias guardadas com carinho, que falam por si só.
Imagens de uma infância aparentemente tranquila. Viagens à praia do Gonzaga e à Aparecida com a falecida irmã mais velha, Olga. Entretanto, só há uma foto com toda a família: pai, mãe e as filhas. Imagens que mostram uma jovem muito vaidosa, bem vestida. Nada além do normal. Nunca soube se foi namoradeira. É provável. Mas, não é coisa que se pergunte assim, de repente, sem uma preparação prévia.
Ainda jovem, começa a aparecer a figura de uma criança em seu colo. Em todas as fotos, somente ela e seu filho, Fernando. Foi um divisor de águas em sua vida. Imagino o que deve ter passado, em pleno 1954, com todo o moralismo da época. Em outra fotografia emblemática, a do casamento, em 1957, não parece muito feliz. Está com a aparência séria. Em um corte rápido, Benedicta aparece em sua vida conjugal. Uma vida muito mais simples, a única que Olavo, seu marido, pôde lhe dar. A vaidade desaparece quase que por completo. Para completar a família vieram outros três filhos.
As fotos com seu pai, Luis, quase sempre com sua inseparável sanfona, demonstram a proximidade e a afetividade que nutriam um pelo outro. Sua mãe, Sofia, pouco aparece. Os pais separaram-se quando Benedicta era criança. Sua relação com Dona Sofia foi difícil até o fim, com brigas diárias e intermináveis, das quais fui testemunha.
Quando fica viúva, aos 44 anos, Benedicta tem de se virar para sustentar os filhos, o mais novo com apenas oito anos de idade. Nunca havia trabalhado antes. Então, o destino fez surgir uma mulher brava e lutadora, porém, pouco afetiva e carinhosa. Sua vaidade renasce. Os filhos cresceram, casaram, vieram os netos. Hoje, com a idade avançada, mora sozinha, mas não vive só. É extremamente independente: caminha, viaja, faz compras, resolve problemas. Por onde anda faz amizades. Porém, pelo seu temperamento forte e controlador, não conseguiu conquistar a simpatia de suas noras. Ninguém é perfeito mesmo. Nem as mães.
Cada vida que chega tão longe daria um livro. A de Dona Benedicta, com um “c” no meio, não é diferente. Este é apenas um recorte de sua vida, uma singela homenagem. Aquele menino de oito anos, órfão de pai, é este que vos escreve. Parabéns minha MÃE pelos 80 anos vividos com tanta intensidade. Que Deus te abençoe e te conserve com saúde. E que sua longa história ainda demore pra chegar ao fim.
Imagens de uma infância aparentemente tranquila. Viagens à praia do Gonzaga e à Aparecida com a falecida irmã mais velha, Olga. Entretanto, só há uma foto com toda a família: pai, mãe e as filhas. Imagens que mostram uma jovem muito vaidosa, bem vestida. Nada além do normal. Nunca soube se foi namoradeira. É provável. Mas, não é coisa que se pergunte assim, de repente, sem uma preparação prévia.
Ainda jovem, começa a aparecer a figura de uma criança em seu colo. Em todas as fotos, somente ela e seu filho, Fernando. Foi um divisor de águas em sua vida. Imagino o que deve ter passado, em pleno 1954, com todo o moralismo da época. Em outra fotografia emblemática, a do casamento, em 1957, não parece muito feliz. Está com a aparência séria. Em um corte rápido, Benedicta aparece em sua vida conjugal. Uma vida muito mais simples, a única que Olavo, seu marido, pôde lhe dar. A vaidade desaparece quase que por completo. Para completar a família vieram outros três filhos.
As fotos com seu pai, Luis, quase sempre com sua inseparável sanfona, demonstram a proximidade e a afetividade que nutriam um pelo outro. Sua mãe, Sofia, pouco aparece. Os pais separaram-se quando Benedicta era criança. Sua relação com Dona Sofia foi difícil até o fim, com brigas diárias e intermináveis, das quais fui testemunha.
Quando fica viúva, aos 44 anos, Benedicta tem de se virar para sustentar os filhos, o mais novo com apenas oito anos de idade. Nunca havia trabalhado antes. Então, o destino fez surgir uma mulher brava e lutadora, porém, pouco afetiva e carinhosa. Sua vaidade renasce. Os filhos cresceram, casaram, vieram os netos. Hoje, com a idade avançada, mora sozinha, mas não vive só. É extremamente independente: caminha, viaja, faz compras, resolve problemas. Por onde anda faz amizades. Porém, pelo seu temperamento forte e controlador, não conseguiu conquistar a simpatia de suas noras. Ninguém é perfeito mesmo. Nem as mães.
Cada vida que chega tão longe daria um livro. A de Dona Benedicta, com um “c” no meio, não é diferente. Este é apenas um recorte de sua vida, uma singela homenagem. Aquele menino de oito anos, órfão de pai, é este que vos escreve. Parabéns minha MÃE pelos 80 anos vividos com tanta intensidade. Que Deus te abençoe e te conserve com saúde. E que sua longa história ainda demore pra chegar ao fim.
3 comentários:
Linda historia de vida!!! PARABENS Dona Benedicta com c!!! FELICIDADES MIL!!!
Como sempre, um escritor que nos deixa com vontade de saber mais! Dona Benedicta deve ter orgulho deste filho que usa dos olhos e da percepção para ver além do visível aos olhos comuns.
Do caceta!!! Quanta diferença percebemos na sensibilidade que nossos textos adquiriram ao longo do curso.
Que texto, João... demais... Parabéns!!!!
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