Um país que já estava destroçado, um povo já muito sofrido. A tragédia instalada no quintal da América. Então, vem a natureza mostrar seu poder, justamente a quem pouco tem como se defender. Seria um castigo dos deuses? Todos se perguntam: por que o Haiti? Não há respostas, só o pesar.
Lamentamos pelos mortos espalhados pelas ruas, pelos que ainda não foram encontrados. Pelos desabrigados, as casas destruídas, as escolas, hospitais. Lamentamos pelo choro das crianças órfãs, os pais dilacerados pela perda de seus filhos. Pelo caos que se multiplicou na já caótica Porto Príncipe.
Nessas horas, o sentimento de humanidade, de que somos parte de uma única célula, fica mais exacerbado. O Haiti da fome, da miséria, não merecia atenção ou piedade. Foi preciso um terremoto para que os olhos do mundo se voltassem para aquele povo.
A utopia que resiste em mim me fez pensar em arrumar as malas e partir para lá como jornalista, informando, observando, colhendo impressões e, principalmente, como cidadão do mundo. Contribuir para minimizar os danos irremediáveis. Caí na real. Da perplexidade à impotência em um segundo.
Porém, a pergunta ecoa em todas as casas, em todas as línguas, feita a todos os deuses possíveis e não vai nunca se calar: por que o Haiti?