quarta-feira, 13 de maio de 2009

Velhas Correntes

Sou índio, sou negro
De sangue e de fé
Sem calo nas mãos
Nem samba no pé

Mas, nem por isso
Deixei de escutar
O choro contido
Suspenso no ar

Dos que tentam em vão
Sair das velhas correntes
Que inibem os mais fortes
E aprisionam os inocentes

Mas, nem por isso
Deixei de enxergar
A alma escondida
Debaixo do altar

Dos que sonham um dia
Voltar a viver como reis
Fazer da favela um quilombo
Dizer o que Zumbi já fez

Sou índio, sou negro
De corpo e de alma
Vivendo em conflito
Na taba e na senzala

Por tudo isso
Eu tento encontrar
A razão perdida
Nas ondas do ar

Dos que pensam que estão
Acima do bem e do mal
Presos na própria armadilha
Dentro do próprio quintal

Por tudo isso
Eu quero enfrentar
A estupidez refletida
No jeito de olhar

Dos que pensam que são
A luz da modernidade
Vivem como parasitas
Cegos pela futilidade.

À todos que lutaram e morreram por ela, a Liberdade.

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