Sou índio, sou negro
De sangue e de fé
Sem calo nas mãos
Nem samba no pé
Mas, nem por isso
Deixei de escutar
O choro contido
Suspenso no ar
Dos que tentam em vão
Sair das velhas correntes
Que inibem os mais fortes
E aprisionam os inocentes
Mas, nem por isso
Deixei de enxergar
A alma escondida
Debaixo do altar
Dos que sonham um dia
Voltar a viver como reis
Fazer da favela um quilombo
Dizer o que Zumbi já fez
Sou índio, sou negro
De corpo e de alma
Vivendo em conflito
Na taba e na senzala
Por tudo isso
Eu tento encontrar
A razão perdida
Nas ondas do ar
Dos que pensam que estão
Acima do bem e do mal
Presos na própria armadilha
Dentro do próprio quintal
Por tudo isso
Eu quero enfrentar
A estupidez refletida
No jeito de olhar
Dos que pensam que são
A luz da modernidade
Vivem como parasitas
Cegos pela futilidade.
À todos que lutaram e morreram por ela, a Liberdade.
Um dia daqueles
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Enquanto eu não despir a alma, das cascas do medo, da inquietação, da dúvida
Enquanto eu não me permitir ser eu mesma, não há autosabotagem que acabe.
O peso...
Há 9 anos