sábado, 24 de julho de 2010

Retrato

Quando nos vemos cansados de esmurrar a parede, de encarar a luta gloriosa.
Quando nos sentimos vencidos pelos fantasmas que nos rodeiam.
Quando nos compreendemos incapazes de modificar o amor à nossa imagem e semelhança.
Quando, sem querer, nos achamos a beira do precipício, sem poder dar um passo a frente, nem voltar atrás.
Quando a solidão insiste em permanecer, mesmo que seja dito o contrário.
Quando deixar jorrar o sangue parece melhor do que estancar a ferida.
Nesses horas é melhor buscar o silêncio que acalma, a distância que fere, a paz que nunca existiu.
E trazer de volta a leveza e a esperança perdidas.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

NOVA ORDEM

Acabou a Copa da África, a Espanha saiu-se vencedora com um futebol bem mais agradável de ver do que o vinha sendo praticado desde a derrota do Brasil na Copa de 1982, justamente na Espanha. Nada de volantes truculentos e sistemas excessivamente defensivos. Os espanhóis fizeram poucos gols, mas, atacando sempre. Levaram menos gols ainda, porém, se defendiam com a bola nos pés.

Há algum tempo atrás escrevi que a vitória da Itália naquela Copa foi a morte do futebol arte. A estratégia utilizada pelos italianos para vencer o torneio foi a que vingou por muitos anos. Entravam em campo para não levar gols. Quando dava, contra-atacavam. E foram extremamente competentes nisso. Este modelo foi vencedor até 2006, com poucas exceções. Felizmente, para o bem dos que amam o futebol mais vistoso, ele foi derrotado na Eurocopa de 2008 e na Copa de 2010.

O que eu espero agora é que o estilo de jogo imposto pelos espanhóis seja predominante nos próximos torneios importantes, principalmente pelas seleções (e clubes) que têm talentos para isso. O Barcelona faz isso há anos. A Holanda foi pela contramão e ficou descaracterizada. A Argentina já tentou fazê-lo na África do Sul. Entretanto, esbarrou na falta de um técnico que soubesse montar um bom esquema para tal.

Que o legado da vitória espanhola seja exemplo para o novo técnico da seleção brasileira. Jogadores para isso nós temos. Que seja o início de uma nova ordem no futebol mundial. E de uma nova mentalidade no futebol brasileiro.